quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

cabelo ?!! da moda






Justin Bieber não é um fenômeno apenas entre as meninas. O ídolo teen está, literalmente, mexendo com a cabeça dos garotos, ansiosos por copiar a famosa franjinha. Mas será que os pais acatam a vontade da molecada? Divididos entre manter os filhotes no "padrão capilar" e dar-lhes liberdade para escolher o corte, muitos passam aperto no salão.
Alguns modelos do passado continuam valendo. Cabelos longos para eles, por exemplo, ainda geram controvérsia. Desde que os Beatles aderiram à moda, pais do mundo inteiro se preocupam com o comprimento dos fios dos varões. Como o poder de escolha da gurizada tem limites, discussões são inevitáveis.
— Algumas mães até que são flexíveis. Mas os pais não querem saber de filho com cabelo grande, acham que não é masculino — garante a cabeleireira Marciléia Couto Quintão, que há 22 anos trabalha com crianças.
Ela explica que mesmo o estilo Justin Bieber já é considerado grande demais, pelo menos na visão dos adultos.
— Já tive um cliente que pediu um corte igual e o pai proibiu, dizendo que não era de homem. A criança, claro, saiu chorando — lembra.
Não se trata somente de uma questão estética, vale ressaltar. Para grande parte dos pais, a imagem da criança reflete a educação que ela recebe e, por isso, deve seguir o que eles consideram correto.
De acordo com a psicóloga Angela Uchoa Branco, doutora em psicologia do desenvolvimento da Universidade de Brasília (UnB), os pais desejam escolher tudo que se relacione à formação dos filhos. Como o poder de coerção familiar está em baixa, muitos se apegam aos detalhes, como o visual.
— Antes, o filho de um médico era obrigado a seguir a carreira do pai. Hoje, sem esse controle, os pais associam a aparência ao cartão de visita que eles poderão mostrar para a sociedade — explica.
Os pais querem poupar os filhos de julgamentos sociais desfavoráveis. E também se precaver de críticas.
— Existe uma expectativa social que os pais constroem em relação aos filhos e qualquer mudança nela faz com que eles fiquem assustados. Eles temem ainda que o corte de cabelo possa ser interpretado como um posicionamento ideológico — afirma.
Angela lembra que só o estilo do cabelo não é suficiente para ligar ninguém a determinada tribo.
O cabeleireiro Bruno Cesar Seara, também especializado em cortes infantis, explica que, até mesmo para o trabalho dele, é saudável que as crianças expressem suas opiniões.
— Antigamente, a criança ficava em um ambiente que não era para ela. Agora, com locais apropriados, elas ficam mais à vontade.
O profissional diz que também os menores, com dois, três anos de idade, já entram no salão sabendo bem como querem ficar.
— Atendi muitos que quiseram moicanos, cabelos espetados, outros que saem daqui com tudo colorido. As mães têm receio nessas horas, mas eles acabam conseguindo.
Mas e quando seu filhinho insistir em usar um corte de cabelo que, sem meias palavras, parece ridículo?
— Os pais precisam conversar para demovê-lo da ideia. Não é controle, mas um grau de atenção. Se for algo assustador, cabe aos pais convencê-los a ver as consequências daquele visual — garante Angela Uchoa Branco.
Ela frisa que uma proibição não conversada só vai atiçar mais a curiosidade.
— E o filho pode, muito bem, sair de casa do jeito que os pais querem e mudar tudo ao chegar na escola.
A psicóloga reforça: dizer que está feio é pouco. É preciso uma justificativa que envolva mostrar à criança que certos visuais podem estimular brincadeiras de mau gosto: o filho precisa de estrutura para suportar suas escolhas.

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