quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Preconceito ou mentira? Famosos opinam sobre eliminação de Ariadna

FAMOSIDADES
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Por JULIANA KALIL, RENATA DAFLON e WALLACE CARVALHO
RIO DE JANEIRO - A televisão brasileira tem mostrado ao longo de sua existência a grande capacidade de quebrar tabus. Seja em novelas, séries, filmes, jornais ou, até mesmo, em programas de entretenimento. Os telespectadores passaram a assistir, tolerar e, em seguida, amar o que é transmitido. E foi assim com o surgimento do “Big Brother Brasil”. A resistência era grande no início, mas o programa alcançou tanta popularidade que já está em sua 11ª edição.
Brigas, confusões, sexo, traições... Isso tudo o programa exibiu em seus 10 anos, porém ainda faltava um personagem nessa história toda, que poderia causar muita polêmica. E foi exatamente isso que o diretor J. B. Oliveira, o Boninho, trouxe em 2011. Ariadna, uma transexual de tirar o fôlego, foi escalada para ser a “protagonista” do “BBB 11”. Ela era a grande aposta do programa!
Mas, como todos nós sabemos, o público eliminou a cabeleireira logo na primeiro “Paredão”. Até que Ariadna conseguiu “causar” em uma semana dentro da casa mais vigiada do Brasil. Primeiramente, a morena optou por não contar aos outros participantes sobre a mudança de sexo e mostrou seu jeito atirado para todos os homens da casa, distribuindo selinhos e abraços.
Em seguida, a sister revelou que foi garota de programa na Itália. Chorou copiosamente no colo das outras meninas do “BBB 11” e disse que não quer voltar mais para essa vida. Além disso, ela contou diversas vezes da maneira como era tratada pela família. A mãe e o pai da moça a colocaram para fora de casa aos 14 anos devido à sua opção sexual, mas essa parte ela não revelou para confinados.
Mas afinal, um história de vida sofrida não é o ingrediente para ser campeão do programa? Poderia até ser, mas se Ariadna não tivesse escondido dos brothers sobre sua transexualidade? Será que foi isso que a tirou do “BBB 11”? Ou foi preconceito do público?
Arquivo Famosidades
Arquivo Famosidades










O Famosidades ficou intrigado com essa história e foi atrás de personalidades do meio artístico, viciadas em “Big Brother Brasil”, para saber a opinião delas sobre a eliminação de Ariadna.
A cantora mais arretada do Brasil, Ivete Sangalo, fez questão de falar sobre o episódio: “O público já fez de Jean Willys vencedor. Não acho que foi preconceito. O fato dela ter escondido o seu segredo pode ter sido interpretado de uma forma errada pelas pessoas que assistem o programa”.
Montagem Famosidades
Montagem Famosidades










Quem ficou revoltada com o resultado do "Paredão" foi a cantora Preta Gil. Sem deixar de assistir um dia, a filha de Gilberto Gil já declarou no Twitter: “Achei uma sacanagem, isso é preconceito puro mesmo, saco, sem ela o programa perde. Perdi a vontade de assistir. Vou convidar ela para ser musa do bloco”. Aí, Ariadna! Já tem um dia de folia garantido ao lado da Preta!
Após fazer campanha para que a cabeleireira ficasse na casa, Fernanda Paes Leme reclamou da eliminação da transexual, pelo Twitter. “Brasileiro não sabe votar mesmo. Palhaçada”.
Divulgação/TV Globo
Divulgação/TV Globo










Para o renomado autor Walcyr Carrasco o preconceito ainda existe e a sister foi eliminada por um único motivo: “Eu acho que o público não aceitou, na verdade, o fato dela ser transexual”.
Montagem Famosidades
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O escritor também comentou sobre como a inserção dos homossexuais nas novelas pode ajudar a abrir a mente dos mais conservadores. “Sem dúvidas isso acontece. O mesmo sucedeu com os negros. Antes, nas novelas, eram relegados a papéis de empregados, subalternos. Hoje, têm papel de destaque, são protagonistas. Isso muda a maneira como são vistos na sociedade”.
Bem lembrado, Walcyr! Lázaro Ramos e Taís Araújo são exemplos de negros protagonistas. O ator estreou na última segunda-feira (17) em "Insentato Coração" como um empresário bem-sucedido e mulherengo. Já a bela, foi a Helena de Manoel Carlos, na trama “Viver a Vida”, em 2009.
Montagem/Famosidades
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Voltando ao “BBB”, o ex-brother Dicésar soltou o verbo sobre a saída de Ariadna: “Eu acho que foi preconceito. A primeira coisa que ela tinha que ter feito era falar que era transexual. As pessoas querem saber de tudo na primeira semana. E aí eu fico me perguntando: 'Será que a produção não pediu que ela não falasse, pra ver se algum dos meninos se interessaria por ela?’”. Será?
Também conversamos com a ex-sister Fani Pacheco: “Eu acho que ela tinha que ter bancado a situação dela desde o início. Eu entendo o medo da rejeição, mas o público acabou encarando isso como falsidade. E acabou parecendo que ela não contou pra se dar bem”. Pode ser.
O twitteiro Hugo Gloss compartilha da mesma opinião do maquiador: “Foi um misto de preconceito e punição por ela não ter contado a verdade”.
Para finalizar, o presidente do grupo “Arco-Íris”, Júlio Moreira, também falou para o Famosidades em nome dos homossexuais: “Acho que foram vários fatores que a eliminaram. O preconceito existe. Mas, o que pesou ali foi a questão do carisma. O sucesso das pessoas ali dentro depende disso. Claro que tudo isso somado a diversos outros fatores como o fato dela ter assumido que foi garota de programa. A prostituição ainda é muito marginalizada”.
Divulgação/TV Globo
Divulgação/TV Globo










Mudando de assunto, mas ainda falando sobre tabus, perguntamos para essas e outras personalidade o que está faltando para o beijo gay nas novelas da televisão brasileira.
O ator Rafael Zulu, que interpreta o Adriano de “Ti-Ti-Ti”, está sentindo a pressão de dar a vida a um homossexual. Para ele o preconceito existe: “A maioria das pessoas fingem que são liberais, mas não são. O público hoje é capaz de torcer pelo romance entre dois personagens do mesmo sexo. É amor, isso compadece, encanta. Agora, um beijo entre esses personagens não seria bem recebido. Ia chocar”.
Walcyr Carrasco também opinou sobre o assunto: “Espero que aconteça sim. os telespectadores estão mais do que preparados. Até mesmo as crianças. De acordo com a lei, o beijo gay é admitido publicamente. Uma criança pode ir a um shopping e ver um casal gay se beijando. Por que não ver na televisão?”. Será que o autor já está preparando algo para a próxima trama? Veremos.
O twitteiro Hugo Gloss pensa diferente: “Não acredito que haja rejeição do público ao beijo gay, e sim um conservadorismo por parte das próprias emissoras”.
Parece que o assunto ainda gera polêmica na classe artística. Basta saber quando será que esse tabu será quebrado.

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